Rolezinho contra Apartheid Social?
Mandela
virou na cova. Eles não têm a menor ideia do que estão falando.
O
ignorante sempre reivindica de forma inadequada, mas o ignorante mal
intencionado é ridículo e desprezível, porque em sua ânsia de agredir quem
nunca lhe fez mal, e nem sabe de sua existência, comete torpezas.
É
evidente que estamos diante de jovens e aos jovens quase tudo é desculpável,
dada sua inexperiência e consequente ignorância. Contudo, à todos os que têm
poder para eleger um político votando nas eleições, mesmo que sejam imputáveis,
a sociedade deve cobrar responsabilidade proporcional aos direitos.
Caso
constatemos que, ainda, estão imaturos para serem responsabilizados por atos de
desordem pública, como invadir um shopping center causando prejuízo aos
comerciantes estabelecidos, precisamos retroagir tirando-lhes o privilégio do
direito ao voto.
Precisamos
decidir, se estão aptos para serem responsabilizados por suas atitudes e
cobrá-los na forma da lei ou se não estão à altura de responder por suas
atitudes e tirar-lhes o direito ao voto até que estejam maduros para assumirem
as responsabilidades por suas atitudes.
Dizer
que os shoppings centers estão errados ao barra-los na entrada, não é justo. A
construção desses magníficos centros de compras custa muito caro e os
empresários que ali se estabelecem pagam altos valores por seus investimentos.
O mínimo que podem esperar é que lhes seja garantido o direito à segurança, bem
como aos frequentadores que pagam o preço para usufruir.
Se
o indivíduo não tem o que gostaria, vá trabalhar, estudar e dedicar-se com
honestidade e obterá. O que não podemos suportar é que desocupados venham às
ruas culpar a quem trabalha, estuda, paga impostos e se priva de várias coisas
para ter o que tem.
O
que existe não é apartheid, o que existe, sempre existiu. Isto é, quem pode
paga, quem não pode não compra.
Deus ajuda a quem cedo levanta e vai trabalhar e à noite vai pra faculdade. Daí pra obtenção de poder aquisitivo fica faltando um passo.
Deus ajuda a quem cedo levanta e vai trabalhar e à noite vai pra faculdade. Daí pra obtenção de poder aquisitivo fica faltando um passo.
Minha
opinião, acima declarada, não por coincidência é igual à da maioria, como se vê
na matéria do jornal Folha de S. Paulo, abaixo transcrita.
"82%
dos paulistanos são contra rolezinho, diz pesquisa Datafolha
MARCELO LEITE
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
23/01/2014 03h00
A condenação da atividade é geral, sob
qualquer recorte que se faça da pesquisa com 799 moradores da capital maiores
de 16 anos.
A média dos que apoiam as reuniões é de
meros 11% e aumenta muito pouco -considerada a margem de erro da pesquisa, de
quatro pontos percentuais, para baixo ou para cima- mesmo entre aqueles dos
quais seria de esperar certa aprovação.
Moradores da zona leste, o maior bolsão
de exclusão social da cidade? Apenas 8% de aprovação, a menor de todas. Jovens?
Só 18% dos que têm até 24 anos se declaram favoráveis aos rolezinhos.
Além deles, os maiores contingentes de
apoio -ainda assim, uma franca minoria- se encontram entre os mais ricos (16%
entre os que ganham mais de dez salários mínimos mensais) e mais escolarizados
(14% dos que têm nível universitário).
A hipótese mais provável para essa
aprovação ligeiramente superior entre os de maior renda e maior escolaridade é
que haja entre eles um número maior de pessoas "de esquerda". Ou
seja, mais propensas a adotar a explicação de que os rolezinhos são uma reação
organizada de jovens contra a exclusão social e a discriminação racial.
PRAIA TRANQUILA
O Datafolha atesta o lugar-comum de que
os centros de compras são a praia dos paulistanos: 73% vão ao shopping pelo
menos uma vez por mês (e 25%, toda semana). E quem vai à praia quer tudo menos
algo que se pareça, mesmo de maneira remota, com um arrastão.
As atitudes que mais incomodam os
paulistanos nesse ambiente são as correrias (70%), gritarias (54%) e
aglomerações (46%). Sua tradução preferida para o verbo "zoar", muito
usado nas convocações de rolezinhos pelas redes sociais, é "provocar
tumulto" -verdadeiro objetivo das reuniões para 77% dos ouvidos pelo
Datafolha.
O propósito declarado dos adeptos dos
rolezinhos -"apenas se divertir"- convence não mais que 18% dos
paulistanos. Tamanha desconfiança é o que deve estar por trás da constatação de
que 83% dos entrevistados que têm filhos menores de 25 anos não concordariam
com sua participação num desses encontros.
SEM VIÉS RACIAL
Nada nessas opiniões dos paulistanos, por
certo, exclui a possibilidade de que na raiz dos rolezinhos esteja uma certa
irrelevância social de legiões de jovens de periferia, muitos dos quais não
estudam nem trabalham. É plausível, dada essa condição, que queiram apenas
"causar", chamar a atenção -como não deixam dúvida suas roupas e suas
músicas.
O que o Datafolha revela é que, na
população, as interpretações mais benignas do fenômeno, por assim dizer
sociológicas, parecem contar com pouca simpatia. De outra maneira, como
explicar que tantos defendam a pura repressão das reuniões?
Para 80% dos entrevistados, os lojistas
agem corretamente ao buscar a Justiça para proibir os encontros. Outros 73%
consideram que a Polícia Militar deve ser acionada para impedi-los. E 72% acham
que não há preconceito de cor na reação dos shoppings, em aberta contradição
com a ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros (PT), para a qual há
"discriminação racial explícita".
O grupo que avalia haver, sim,
preconceito racial na atitude dos lojistas não ultrapassa um quarto dos
entrevistados (exatos 25%). Como seria de esperar, entre os que se declaram da
cor preta é maior o número dos que identificam reação preconceituosa, mas ainda
assim menos de um terço do total (32%). E entre os que se autoclassificam como
pardos, supostamente também mais visados, só 23% têm essa opinião.
De todo modo, a repulsa à discriminação é
geral: 73% afirmam que os shoppings não têm o direito de escolher quem pode e
não pode entrar neles. A não ser, é claro, que a galera da periferia apareça
fazendo confusão."
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