sexta-feira, 12 de julho de 2013

A SAÚDE ESTÁ DOENTE

Quando não temos formação acadêmica em determinada matéria, costumamos dizer que somos leigos. É aqui que se encaixa o ditado "todo brasileiro é um pouco médico e técnico de futebol".
No Brasil, todos entendem das duas coisas, infelizmente, de medicina entendemos pela via dolorosa. Quase todos temos queixas quando o assunto é atendimento na saúde, seja pública ou privada.
Os maus tratos são tantos e tal é o nível que pacientes mais exasperados chegam ao cúmulo de agredir médicos em hospitais públicos e postos de saúde de localidades mais afastadas.
As manifestações ocorridas nas últimas semanas obrigou o governo a encarar o problema, porque em todos os lugares que houve uma manifestação havia alguém reclamando da saúde.
Como sempre os governantes encontraram uma via rápida para equalizar a questão, seria só trazer médicos do exterior e suprir a falta interna desses profissionais. Solução decretada é o nome do paleativo que mais uma vez seria usado pelos supostos gênios que "as bolsas" elegeram e que não têm capacidade para governar o país e se há dúvida espere pra ver o tamanho do rombo que aparecerá daqui há pouco.
Sabemos que há faculdades demais e qualidade de menos, entretanto, corrigir erros antigos que os próprios governos sucessivamente têm criado, nem pensar. A solução é gritar "Ô Zé, importa aí três contâineres de médicos de Cuba".
Tem dó, né?
A matéria abaixo nos dá uma esperança de que as coisas sejam resolvidas com o bom senso que a situação exige.

"12/07/2013 - 03h05

Médico deve ser obrigado a atuar no SUS, diz diretor da Unicamp

FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO

Diferentemente das entidades representativas dos médicos, o diretor e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Mario Saad, concorda com a ideia de obrigar alunos a trabalharem na rede pública.
Para Saad, faltam somente "ajustes" para que a proposta do governo federal fique satisfatória em relação às obrigações aos jovens médicos.
Nesta semana, a presidente Dilma Rousseff apresentou projeto para melhorar a saúde pública no país. Entre as medidas estão a ampliação do curso de medicina de seis para oito anos. Nos dois anos adicionais, os estudantes terão de atuar no SUS.
A seguir, a entrevista concedida ontem.
Folha - O que o sr. achou do plano?

Mario Saad - É desnecessário aumentar a duração do curso. Mas, na minha opinião, é dever de todo aluno que estuda em universidade pública retribuir o investimento à sociedade.
Assim, defendo que quem estudou em universidade pública trabalhe na rede pública, por um ou dois anos, na forma de serviço social obrigatório. Mas já como médico formado, que pode ser remunerado como tal e responder pelos seus atos.
Além disso, pode trazer insegurança à população dizer que ela está sendo atendida por um estudante.
Mas para esse modelo funcionar, precisamos reformular os currículos dos cursos de medicina.
Hoje, formamos bons candidatos à residência médica, às especialidades. Com algumas mudanças, podemos formar também ótimos médicos gerais.

O que o sr. acha da ampliação das vagas em medicina, proposta pelo governo?
Discordo. É desnecessário criar 12 mil vagas de medicina. Daqui a pouco teremos profissionais desempregados, porque estaremos formando excessivamente.
É uma falácia dizer que temos poucos médicos; há 1,9 médico por 1.000 habitantes no país. Não é pouco. Eles estão mal distribuídos.

Mas o Reino Unido, por exemplo, tem 2,7...
Com a expansão de vagas que houve recentemente, rapidamente chegaremos a esse patamar. O problema é a qualidade desses médicos.
Proponho que as boas faculdades, como USP, Unicamp, Unesp e Unifesp, possam ampliar suas vagas, com ajuda do governo federal, desde que ele se comprometesse a fechar os cursos ruins.
De qualquer forma, o governo teve o mérito de trazer à discussão a falta de médicos que existe em algumas regiões do país.

Muitas entidades médicas defendem que o maior problema é a falta de estrutura, não de médicos. O sr. concorda?
Concordo. Você precisa, por exemplo, de enfermeiro, educador físico, fisioterapeuta. Mas também não acho que precisamos esperar as condições melhorarem para mandar um médico para essas regiões [carentes]. As coisas têm de ser juntas. O médico vai até ajudar a reivindicar melhores condições."

Tomara os critérios acima mencionados pelo entrevistado sejam considerados para que o problema seja tratado em seu cerne e não fiquem maquiando a ferida. Não adianta tratar da dor, é preciso tratar a causa para extinguir o mal.

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