sexta-feira, 24 de maio de 2013

SÓ ELES NÃO SABEM, O IRINEU SABIA

Li no Jornal Folha de S. Paulo na edição de hoje,  que sem ferrovia a coisa ficará feia.
Isso não é novidade! Só quem governa não sabia, porque há 159 anos o Sr. Irineu Evangelista de Sousa,  já sabia e entendia tanto a necessidade de se construir ferrovias que no dia 30 de abril de 1854, inaugurou no Brasil a primeira. O percurso era de 14 Km e foi feito em 23 minutos.
Portanto, há 159 anos por iniciativa do Barão de Mauá, o Brasil inaugurou a primeira linha férrea.
Só em 1863 pavimentaram a primeira estrada no Brasil, foi a Estrada União e Indústria. De lá pra cá, houve uma inversão e a pavimentação de estradas tornou-se a preferência dos governantes.
Acontece que naquela época o Brasil tinha um dono, o imperador, e agora tem exploradores.
Quando falamos em obras de pavimentação e nos vêm à cabeça os empreiteiros, tudo começa a fazer sentido.
Há números que justificam ficarmos incrédulos por não haver investimentos em trens, sejam para carga ou transporte de passageiros. Poderiam ser mistos, a exemplo dos aviões.

Custos ambientais para os modos rodoviário e ferroviário, em reais* por ano
Dano Ambiental
Rodovia (R$)
Ferrovia (R$)
Biodiversidade
37.682.832,00
7.536.566,40
Ciclo Hidrológico
64.492.752,00
12.898.550,40
Novas drogas
44.683.200,00
8.936.640,00
Produtos extrativos madeireiros
767.083.941,60
153.416.788,32
Produtos extrativos não madeireiros
2.111.132.256,00
422.226.451,20
Seqüestro de carbono
298.632.720,00
59.726.544,00
Uso recreativo
2.308.632,00
461.726,40
Valor monetário de existência
257.226.288,00
51.445.257,60
Totais
3.583.242.621,60
716.648.524,32
Fonte: Estudo sobre o Transporte Ferroviário no Brasil – I.T.A- Instituto Tecnológico de Aeronáutica -
Publicado no Journal of Transport Literature, Vol. 5, No 1 (2011)

Especialistas no tema, são da mesma opinião, como pode-se ler abaixo:

"Atualmente, o Brasil conta com 29,8 mil quilômetros de ferrovias e apenas 25% do que é produzido nos campos chega aos porto por trilhos. "O governo planeja construir 10 mil quilômetros até 2025, o que é abaixo do que precisamos", defende Rodrigo Vilaça, presidente-executivo da ANTF.
Fonte: Brasil Econômico
Gabriela Murno   (gmurno@brasileconomico.com.br) do Rio de Janeiro 
19/04/13 10:00"

Isso pra não falarmos no transporte fluvial. Nosso país tem extensão continental, é cortado por imensos rios, por onde poderiam escoar a produção com, ínfimo, custo de transporte quando comparado aos que são cobrados hoje.
Mesmo considerando-se o custo para implantação, pois em pouco tempo se pagaria e a manutenção não poderia ser comparada ao custo de manutenção de estradas asfaltadas, sem mencionarmos o impacto ambiental que seria muito menor.
A matéria a que me referi, está abaixo transcrita:

"24/05/2013 - 03h00
Sem ferrovia, Santos pressionará Rodoanel
DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA
AGNALDO BRITO
FOLHA DE SÃO PAULO/DE SÃO PAULO
O atraso nas concessões de ferrovias do governo federal pode acabar por despejar mais 200 mil caminhões por ano nas estradas do Estado de São Paulo, principalmente no Rodoanel, a partir de 2015, ampliando a dependência do porto de Santos do transporte rodoviário.
Esse volume corresponde ao número de viagens de caminhões de 25 toneladas necessárias para substituir trens de carga que hoje cruzam a área central da capital transportando açúcar, soja, contêiner, bauxita e aço do interior do país para Santos e também para o Sul.
A partir do próximo ano, essa circulação de cargueiros não poderá mais ser feita. É que a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) vai aumentar a quantidade de trens de passageiros na ferrovia e avalia que será "inviável" continuar a compartilhar as linhas com o transporte de carga.
Em 2012, entre 4 milhões e 5 milhões de toneladas de produtos atravessaram a região central da cidade em trens. Esse volume só poderá continuar a ser transportado por ferrovia quando pelo menos um dos novos trechos do Ferroanel de São Paulo estiver pronto.
A obra faz parte de um corredor ferroviário de exportação que interliga o Centro-Oeste ao maior porto do país.
IDAS E VINDAS
Em 2011, os governos federal e de São Paulo decidiram fazer em parceria os trechos Sul e Norte do Ferroanel. A intenção era começar a obra do trecho Norte junto com o Rodoanel, o que aceleraria e baratearia as obras.
Mas indefinições do governo federal sobre como construir a ferrovia fizeram com que, até hoje, o Ferroanel não tenha sequer licitação em andamento. A avaliação é que será impossível concluí-lo no ano que vem, como previsto inicialmente.
Com isso, as alternativas são: reduzir horários para o transporte de passageiros, deixar de transportar a carga --o que pararia algumas indústrias-- ou transportá-la em 200 mil viagens de caminhão.
Essa última alternativa representaria um incremento de cerca de 2% na movimentação média diária do trecho do Rodoanel, segundo dados do DER-SP de 2012.
VOLUME EM DOBRO
Levantamento feito pela Folha, com base nos números do governo, demonstra que o volume de carga transportada sobre caminhões para Santos quase dobrará em dez anos.
Do movimento total de 230 milhões de toneladas previstos para 2024, o transporte rodoviário será responsável por 150 milhões de toneladas. A ferrovia será responsável por transportar 80 milhões de toneladas.
Em 2013, quando o porto movimentará 110 milhões de toneladas, a divisão será a seguinte: 83,6 milhões toneladas transportados por caminhões; e 26,4 milhões de toneladas, por ferrovia.
"É evidente que o governo, com a aprovação da MP, deve discutir a redistribuição da carga para outros portos", disse Renato Barco, presidente da Codesp, administradora do Porto de Santos.
SERRA ABAIXO
CAMINHOS DA CARGA
Em 2013
110 milhões de toneladas é a movimentação de carga prevista para Santos
76% irão por caminhão
24% irão por trem
Em 2024
230 milhões de toneladas é a movimentação prevista
65% irão por caminhão
35% irão por trem
"

Tomara a situação pressione tanto que tenham que refazer as ferrovias destruídas, além das novas. Certamente haverá lucro pra quem investir, a exemplo do que acontece na Europa, Estados Unidos, Ásia e Leste Europeu.

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